CORTES DE VERBAS DESMONTAM CIÊNCIA BRASILEIRA E RESTRINGEM PESQUISA A MAIS RICOS

09/09/2019 18:47

Há dois anos, o pesquisador Lucas Pinheiro Dias estuda alternativas para o tratamento de infecções causadas por bactérias já resistentes aos antibióticos existentes no mercado. A pesquisa que ele desenvolve no pós-doutorado em Bioquímica que cursa na Universidade Federal do Ceará (UFC) têm relevância global: um levantamento da ONU estima que, até 2050, 10 milhões de pessoas no mundo poderão morrer anualmente por conta de doenças resistentes a medicamentos, e a Organização Mundial da Saúde considera este problema uma das dez maiores ameaças à saúde pública mundial.

Com dedicação exclusiva ao estudo e recebendo uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de 4.100 reais nos últimos dois anos, Lucas Pinheiro conta ter avançado bastante nos experimentos. Conseguiu desenvolver seis peptídios — material criado com parte de moléculas naturais e proteínas de plantas — que têm dado boas respostas para combater dois tipos de bactérias. Mas esta é uma pesquisa longa e que exige muito trabalho e testes até que os cientistas consigam efetivamente desenvolver uma nova droga para a população. O problema é que o estudo está ameaçado em meio à crise da ciência brasileira, provocada pelos cortes orçamentários na Educação pelo Governo e que há meses vêm afetando o financiamento dos pesquisadores.

Na última segunda-feira, a Capes anunciou o corte de 5.200 bolsas, que deixariam de ser renovadas (ou seja, redistribuídas para novos alunos) para conseguir manter as que estavam ativas. No total, a agência já cortou 11.800 bolsas neste ano. Já o CNPq afirmou nesta semana que não teria como garantir o pagamento de seus 84.000 bolsistas a partir do mês de setembro por falta de verbas.

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